Outras nádegas

 

segunda-feira, setembro 04, 2006

Rebeca

Rebeca estava pronta. Tomara que caia preto, colado. Levantou os seios fartos, ajeitou a micro saia branca. Apoiou a perna no vaso sanitário e fechou a sandália. Uma de cada vez. Passou a mão nas pernas de cima para baixo até as nádegas e sentiu se a depilação estava em dia. Nunca estava. Curvou-se inteira para trás e alcançou o aparelho de depilação. Passou em cada perna. Levantou a saia e deu uma olhada na virilha. Precisava de uma depiladinha básica. Afastou a calcinha e passou o aparelho em volta. Sentiu o corpo estremecer e deixou um pouquinho mais. “Os maridos não imaginam a utilidade de um aparelhinho como esse para as dondoquinhas entediadas”. Achou graça. Desceu a saia e voltou-se para o espelho. Mais um pouquinho de batom. Ouviu a campainha. Havia combinado às duas horas. Faltavam dois minutos. Ele nunca se atrasava. Pegou a bolsa e saiu. Fechou o portão e entrou no carro. Carlos vestia jeans, camisa pólo preta e óculos de lentes pequenininhas. Nos pés, tênis. Recebeu um beijo na testa e observou seu conhecido gesto depois do comprimento. Colocar o rádio na estação de jazz. Fazia sol e quando o carro entrou em movimento sorriu com satisfação por ter amarrado os cabelos no alto. Ventava muito. Fechou os olhos tentando imaginar o que seria hoje. Carlos dirigia para fora da cidade. “Dê um sorriso para mim”. Era sempre o mesmo pedido. Carlos achava Rebeca triste. Sempre. Dizia que ela devia tentar superar as coisas sem esconder os fatos. Sem guardar para si e fingir que nada daquilo tinha mesmo a ver com ela. O ex-marido de Rebeca havia tomado a guarda do seu filho Gui depois de descobrir a doença. “Ainda bem que tudo aconteceu depois que me separei e tive o Gui”. Rebeca estava com aids e a vida boêmia parecia ser curta. Carlos não entendia que ela não ligava mesmo. Estava com vinte e cinco anos e tinha um filho que a chamava de mamãe e beijava seu rosto sempre que podia. Gui sabia da doença da mãe. A psicóloga tinha explicado tudo para o pequeno. “Mamãe está machucada?” ele sempre perguntava quando a via. “Não, mamãe não está meu amor” e ele corria para um abraço. Olhou pela janela. Estava um lindo dia. Bom para caminhar descalça. Carlos parou em frente a um motel de beira de estrada. Lindo. A construção ficava escondida, atrás de árvores imensas e ipês rosa, amarelo e branco. Naquela época do ano o chão estava coberto de flores caídas. Caminharam sobre as flores até a recepção. Rebeca permaneceu distante enquanto Carlos conversava com o recepcionista. Viu pegar a chave e encaminhou-se para o elevador. Ele permanecia calado, de cabeça erguida fitava os números dos andares acenderem e apagarem. Um por um. Carlos era calado e objetivo. Quase inatingível. Procurava problemas em todos os seus relacionamentos e muitas vezes inventava alguns. Ela sorria. Achava Carlos tão trágico chegando a ser um senhor cômico. Chegaram ao nono andar. Carlos pegou na mão de Rebeca. Apertava com muita força. Era como se caminhassem para serem fuzilados. Entraram no quarto e era lindo. Nada vulgar ou fantasioso. Tinha uma sacada com uma espreguiçadeira laranja e uma mesinha redonda feita de uma pedra branquinha. A cama era simples. Lençóis muito brancos. Travesseiros enormes e macios. Uma delícia. Enquanto Rebeca olhava tudo como uma criança Carlos permanecia sentado em uma poltrona. De pernas cruzadas, mãos no queixo. Analisava Rebeca. Sorrindo como nunca ela correu a sentar no colo de Carlos em busca de um beijo. Carlos a afastou. Levantou-se e se pôs atrás dela. Abraçou-a levantando a blusa em busca de seus seios. Tirou sua blusa. Ajoelhou-se em frente a ela, tirou suas sandálias e sua saia. Levantou, soltou os cabelos de Rebeca. Segurou firme sua mão e caminhou com ela até a cama. Tirou sua calcinha e olhou para Rebeca do jeito mais compreensivo do mundo. Levantou-se para abraçá-la por trás. Rebeca estava sentada na cama completamente nua. Carlos estava vestido e passava a mão pelo seu corpo desde os pés. Tocava entre suas coxas, subindo até os seios e apertava com força enquanto beijava seu pescoço com carinho e de levinho. Muito de levinho. De repente parou. Amarrou uma venda nos olhos de Rebeca. Sentou-se na poltrona bem em frente a ela e mandou que ela se masturbasse e contasse para ele em que pensava enquanto se tocava. A mesma posição de antes com um olhar de professor. Rebeca gozou enquanto contava tudo a Carlos. Ele estava excitado. Tirou do bolso um preservativo. Abaixou a calça até os joelhos. Colocou. Penetrou Rebeca e segundos depois gritava de prazer. Deitou-se ao lado dela. Apoiou a cabeça de Rebeca em seu peito e “Em breve você vai morrer”. Escorria lágrimas mas os lábios sorriam.


link | posted by Simy at 6:10 PM |


1 Comments:

Anonymous Anônimo commented at setembro 05, 2006 11:13 AM~  

lindamente trágica.

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