Outras nádegas

 

quarta-feira, outubro 18, 2006

Então o Fer me colocou contra a parede (Ai), um dia desses. E foi por emeio. Tudo porque ele me disse que estava lendo O Retrato da Moça-Véia do Wilde. Eu sou super estúpida, e claro, respondi “Wilde é tão, tão, tão idiota”. Foi aí que eu senti a coisa pegar. “Só por curiosidade, quais livros já leu dele?”. Entre pessoas que discordam em quase tudo e se respeitam o mesmo tanto isso pode sim ser interpretado como um desafio. Lá vou eu, e com o Fer é perigoso, mas excitante. Minha sorte ou a falta dela, é que ele anda sem tempo. Eu li O Retrato da Moça-Véia e A Alma do Homem Sob o Socialismo. Pouco pra dizer qualquer coisa. Além disso tem o que a gente ouve falar do cara que é sempre o pior. Esse segundo livro eu li em menos de uma hora sentada em uma mesa da biblioteca pública enquanto esperava o tempo passar. Faz um ano. Percebi que não teria muito o que dizer. Não lembrava cara, juro que não lembrava. Aí ontem fui na biblioteca limpar meu nome e acabei pegando de novo o livro. Então eu entendi quando uma pessoa me disse certa vez que o cara não é socialista. Ele não é gente, não é mesmo. O socialismo é autoritário demais pra ele e em uma democracia ele correria o risco de ser vaiado. O que ele propõe no livro é algo novo. Algum sistema ideal para ele. Onde todos tenham tranquilidade, sejam feios, inteligentes e pobres o bastante para criar qualquer coisa que não seja “doentio”. Wilde é repetitivo como a Kelly Key (já ouviram o novo cd da moça? Pois é melhor que o façam) e viaja cara, como ele viaja. O livro é delicioso, porque chega a um ponto onde palavras como socialismo, igualdade, pobreza não aparecem mais. Só se lê Individualismo, Arte, nomes, muitos nomes de autores, ira contra tudo e todos, críticos idiotas, povo deselegante, sem cultura... tudo em letras maiúsculas. Parece que o cara passou uma noite em claro depois de ler algo sobre algum escrito seu, e pra mim ele não gostou nenhum pouquinho do que leu. O que eu quero dizer mesmo, e penso que estou me enrolando demais, é que o socialismo pro cara não é bem uma ideologia em que ele acredita e sim uma fuga pessoal. Ele é egoísta ao ponto de pensar que uma forma de governo tal como esta resolveria os problemas de interpretação sobre o que é arte, o que é fazer arte e o que significa essa boboseira toda. Com o socialismo o público o entenderia e o respeitaria. O livro é xotérico como quê e é tão contraditório quanto O retrato da moça-véia.


link | posted by Simy at 8:37 PM |


0 Comments:

Want to Postar um comentário?

powered by Blogger